Personalidades negras divulgam manifesto de repúdio à violência policial

No Brasil distópico de 2019, produzir e assinar um manifesto é um ato de coragem. Ano passado, artistas assinaram um pela democracia. Até hoje seus nomes circulam em listas compartilhadas clandestinamente por milícias mafiosas de direita. Mas, na ponta desta violência, sempre estiveram negros. E se é perigoso exigir justiça hoje no Brasil, mais perigoso é calar. Por isso, um grupo de personalidades brasileiras negras resolveu produzir e assinar um manifesto contra o extermínio sistemático de uma raça.

Manifesto pelo fim da política de extermínio do povo negro

cada 23 minutos morre um jovem preto no Brasil. Há um projeto cruel de sociedade que, todos os dias, promove essas mortes.

O que explica uma polícia militar que mata mais que forças de países em guerra? Sempre pessoas pretas na mira. E o que autoriza esses crimes, se não o racismo?

Estamos vivendo numa sociedade, atormentada pela crescente desigualdade, militarização, inimizade e terror, que vem assistindo o ressurgimento de racistas, fascistas e forças nacionalistas determinadas a excluir e a matar. As recentes mudanças políticas que nosso sociedade atravessa ajudaram a esvaziar os debates democráticos, deturpando valores, direitos e liberdades, que eram antes um ideal a ser conquistado. Como resultado, a guerra diária: – 111 tiros em um carro com 5 jovens que comemoravam o primeiro salário. – 89 tiros contra uma família que passeava numa tarde de domingo. – Um jovem espancado, morto e com o corpo descartado feito lixo, pela polícia. – 9 jovens mortos pisoteados após ação da polícia em Paraisópolis.

Nós estamos cansados e cansadas desses números.

O governo brasileiro deve reconhecer o fracasso da política de segurança pública vigente e propor, junto à sociedade, um novo modelo, que proteja as vidas e não gere medo e mortes para o povo preto.

Precisamos colocar em pauta a desmilitarização da polícia brasileira e discutir amplamente com a sociedade civil.

Exigimos o fim da política de extermínio.

Interrompe-la deve ser prioridade de todas as frentes de lutas.

Assinam:

Ad Junior

Adalberto Neto

Alan Miranda

Aldri Anunciação

Alessandra Costa

Aline Moreira

André Santana

Ângelo Flávio Zuhalê

Anna Paula Black

Ariane Barreto

Arismar Adoté Jr

Atila Barros

Bruno Almeida

Cacau Protasio

Caio Roberto Cortez

Camila Silva

Carmem Virginia

Carolina Magalhães

Carolina Pinho

Caroline Moreira

Catarina Abdalla

César Melo

Dan Xeidiarte

Dandara Lucas Pinho

Daniel Ramos

Daniela Luciana

Domenica Dias

Drayson Menezzes

Eddie Coelho

Egnalda Côrtes

Eliane Dias

Érica Ribeiro

Fabiana Mascarenhas

Fabiano Maranhão

Fábio de Santana

Fábio França

Fabricio Santiago

Felipe Velozo

Franco Adailton

Fred Nicácio

Gabriela Ramos

Heraldo De Deus

Ilka Danusa

Jaciana Melquiades

Jeniffer do Nascimento

Jorge Gauthier

Jorge Washington

Juju Denden

Lázaro Erê

Leandro Leal

Leandro SantosSantos

Leco Lisboa

Leonardo Souza

Lili Almeida

Luana Fernanda Lima

Luana Xavier

Lugana Olaiá

Magali Moraes

Maíra Azevedo – Tia Má

Maitê Freitas

Márcia Ferreira

Márcia Short

Marli Mateus

Midiã Noelle

Monique Evelle

Naiara Leite

Najara Black

Orlando Caldeira

Patrícia Rammos

Patrícia Santos

Paulo Rogério Nunes

Preta Rara

Raoni Oliveira

Renan Motta

Ridson Reis

Robson Rodriguez

Rodrigo França

Roger Cipó

Samuel Gomes

Sueide Kintê

Sulivã Bispo

Taiguara Nazareth

Tairine Ceuta

Tati Sacramento

Tatiana Tiburcio

Telma Souza

Thais Zimbwe

Thiago Almasy

Thiago Thomé

Vilma Reis

Wesley Guimarães

Yuri Silva