Crise na água pode decidir eleições no Rio

Marcelo Crivella, dado como “morto” por conta das últimas pesquisas de popularidade, deve, para supresa de muitos, reeleger-se prefeito do Rio de Janeiro.

Motivos:

Bolsonaro, Bispo Macedo e Crivella começaram a conversar nos bastidores. A ideia é Bolsonaro transformar o pleito para prefeito no Rio em um plebiscito sobre seu mandato, apoiando Crivella.

Motivos para estar confiante em fazer do Rio seu curral eleitoral, o presidente tem. Em números:

  1. Hélio Negão comporia a chapa como vice de Crivella. A narrativa daria um nó na esquerda: “Quer votar em negro para a prefeitura? Olhe para a direita.”
  2. A nova esquerda, apartidária, anarcominion, filha de 2013, não está disposta a militar pela velha esquerda. E, como sempre, faz o de sempre: gritar contra tudo sem nada propor para nada.
  3. Eduardo Paes, que em um segundo turno contra Crivella uniria as esquerdas na base do “não tem tu vai tu mesmo”, está por conta do que pode sair da delação premiada do ex-governador Sérgio Cabral.
  4. A maior oposição a Bolsonaro não vem da esquerda, e sim da própria extrema direita. O governador Witzel e seu projeto de poder.  Mas, hoje, o governador Witzel sim, parece politicamente morto. Elegeu-se por se apresentar, como a nova esquerda, uma plataforma anti-PT e apartidária. Mas a filiação a Bolsonaro, na época, foi fundamental. Hoje, são inimigos. E agora, a crise na água. Não há propaganda, contra ou a favor, que viaje tão veloz, chegue em tantas casas, de todas as classes sociais e regiões, do que o que sai de nossas torneiras. Witzel já era. Seu futuro é o legislativo.

O desmonte da CEDAE, causador da tragédia hídrica na cidade, é coisa da direita. Enxugar o Estado. Desmobilizá-lo para que as elites possam ter sua vida garantida pelo mercado, o deus dos privilegiados.

Negros são maioria entre os grupos desprivilegiados. Em um país que caminha para ser oficialmente o mais desigual do planeta. Negros são os que mais sofrem quando ocorre algo como contaminação da água. Negros são a maioria dos eleitores no Brasil.

Só falta, um dia, um sonho de dia, um brilhante dia, acontecer.

O dia em que negros dirão: “Dessa água não beberei”.