Lenda ancestral de Guiné-Bissau lembra história de Kobe Bryant e filha
Kobe Bryant, 41, faleceu ao lado de sua filha de 13 anos, Gigi Bryant, um proeminente talento das quadras que encantava a todos com seu talento, ainda maior do que o do pai, segundo o próprio. Ano passado, Kobe declarou que sempre pensou que seu dom para o basquete manifestaria-se em um filho homem e que não poderia estar mais feliz com a supresa que o universo havia lhe reservado.
Uma das lendas ancestrais da Guiné-Bisnau conta a história do pássaro que, no princípio dos tempos, reinava nos céus do mundo.
Seu nome: pássaro-rei.
Seu vôo, elegante e competente, encantava todos os animais.
Era um mundo onde não existiam fêmeas. Caminhavam sobre a Terra leões, gorilas, jacarés e tubarões.
Os animais viviam em guerra. Não podiam se encontrar na floresta que começavam uma briga.
Nenhuma espécie gostava da outra. Nenhuma raça gostava da outra.
Sobrevoando o mundo dos machos em guerra, o pássaro-rei dava rasantes em pradarias, exibia-se executando manobras impossíveis. Os animais paravam suas brigas e olhavam para o céu e admiravam o pássaro-rei. Até as diferenças de raça eram esquecidas quando ele estava por perto.
Mas o pássaro-rei não podia estar em todos os lugares. Então sua tristeza com todas aquelas brigas foi aumentando até que uma lágrima caiu de seu olho. Ao bater no chão, essa lágrima transformou-se em uma pequena pássara fêmea.
Ela voou até seu pai e pediu para que não se assustasse. A passarinha explicou que era uma fêmea. E que veio ao mundo para ensinar a ele uma lição.
Voando com o pai, a passarinha explicava que os bichos brigavam porque tinham medo. Porque eram inseguros. Porque não sabiam de onde vinham. E, voando ainda mais alto que o pássaro-rei, a pequena revelou a ele a origem de todas as coisas. Tudo havia nascido das fêmeas. Das leoas, das gorilas, das jacarés, das tubarões-fêmeas.
O pássaro-rei, famoso no mundo inteiro, então perguntou para a filha onde estariam as fêmeas.
A passarinha respondeu dizendo que o mundo não estava preparado para elas. Que havia muita evolução pela frente para que o mundo merecesse ter fêmeas. Afinal, nem as raças se entendiam. Então as fêmeas estavam em um outro mundo, igual àquele, mas também diferente: porque do outro lado todas as espécies e raças conviviam em harmonia com suas diferenças.
O pássaro-rei, então, pediu para ir com a filha para este outro lugar. Ela adorou o pedido, porque estava já entediada com aquela terra de brigas.
Seguiram os dois, então, voando cada vez mais alto até que sumiram no céu para nunca mais voltarem.
Mas, antes de partirem para o outro mundo, a passarinha, olhando para trás, deixou verter uma lágrima de piedade pelo mundo de cá. Lágrima que, ao cair no chão, transformou-se em uma tigresa, que ao nascer e ver aquele mundo triste, também chorou, fazendo nascer uma raposa. A raposa chorou e gerou a águia, que gerou a formiga, que gerou a girafa, borboletas e mulheres.
E, de cada lágrima de uma fêmea humana, nascia uma mulher de uma raça para fazer companhia para as outras, tornando esse mundo mau e arbitrário menos mau e arbitrário.
Até hoje, algumas as tribos da Guiné acreditam que, quando se morre, deixamos este mundo mau e arbitrário e vamos para o mundo onde o pássaro-rei se foi.
Onde quem reina é sua filha.
Lá, ela não chora.
E é conhecida como a pássara-rainha.
Lendas são um jeito de eternizar verdades.
As africanas ensinam que tudo, afinal, é reexistência e ancestralidade.
Lágrimas que se tornam outra coisa.